Inauguração do meu Blog

Inauguração do meu Blog

Fala, pessoal.

Tudo bem?

Com muita alegria inauguro hoje meu blog do Super Administrativo 2.0, de conteúdos voltados à sua aprovação no concurso público dos seus sonhos… essa é a minha missão e foi pra isso que criei a Escola do Mazza…

Só pra te explicar: Super Administrativo 2.0 é um treinamento na minha Escola para quem precisa aprender rapidamente Direito Administrativo para concursos públicos… é por isso que coloquei essa nome no blog, porque as dicas que vou passar aqui têm tudo a ver com o Super Administrativo 2.0…

Mas antes de falar de matéria, vou usar essa primeira postagem pra contar um pouco da minha história… e como virei professor…

Quem sou eu

Muita gente me pergunta isso: “Ô Mazza, como faz pra ser professor, como que você conseguiu dar aula na graduação, como você se tornou professor de cursinho?” A gente tem essa curiosidade inclusive pra seguir na carreira docente, as pessoas pedem dicas, então vou aproveitar essa oportunidade e vou contar um pouco da minha história, como eu me tornei professor e aí quem tiver interesse em seguir a carreira docente ou quem já tiver na carreira docente, pode aproveitar alguma dessas informações pra sua própria carreira como professor. Bom, meu nome é Alexandre Mazza, tenho 45 anos, sou casado com a Tatiana que é procuradora do estado, eu tenho duas filhas, a Duda de 12 anos e a Luiza com 7 anos. Nasci no dia 28 de abril de 1975, “tiozão”, aqui em São Paulo.

Infância em Guarulhos

Eu sempre brinco nas aulas com a minha cidade, minha ex-cidade de Guarulhos que eu morei a vida inteira antes de casar, mas na verdade pouca gente sabe que eu nasci num bairro da zona norte de São Paulo, muito famoso, que é o bairro do Jaçanã, que você deve conhecer pela música do Adoniran Barbosa, “Trem das Onze”. Mas quando eu tinha  4 pra 5 anos os meus pais se mudaram pra Guarulhos, foi na verdade uma grande progressão pra gente né, porque a casa lá no Jaçanã era muito simples, era uma parte do bairro que era “piorzinha” (vamos dizer assim), e a gente conseguiu mudar pra um bairro muito bom de Guarulhos, pra quem conhece é o bairro da Vila Galvão.

Uma curiosidade, eu ia morar em frente à casa do Dinho dos Mamonas Assassinas, na verdade ele tinha comprado a casa em frente à minha antes do acidente, aí aquela tragédia interrompeu. Eu ia ter esse privilégio, vamos dizer assim, de pelo menos morar do outro lado da rua de um dos meus grandes ídolos que era o Dinho, o vocalista dos Mamonas Assassinas. Bom, e aí mais ou menos com cinco anos eu me mudei pra Guarulhos.

Eu brinco muito com os meus alunos com a cidade de Guarulhos porque eu tenho uma relação de amor e ódio com a cidade. Eu passei muito tempo da minha vida lá, conheci praticamente a cidade inteira e a minha maior bronca com a cidade é que tudo que eu fiz a partir dos treze, quatorze anos de idade era aqui em São Paulo. Guarulhos tá na região metropolitana de São Paulo, mas tá mais ou menos a uns dez ou doze quilômetros da Avenida Paulista, e eu vim fazer curso preparatório pré-vestibular aqui em São Paulo, na verdade eu fiz o colegial (como a gente chamava antigamente) aqui em São Paulo, eu fiz colegial num bairro super distante de São Paulo que é o bairro do Ipiranga, super distante em relação a Guarulhos, ia e voltava de ônibus e mesmo quando eu já tinha começado a dar aula, ou dava na faculdade, também sempre aqui em São Paulo.

Então o deslocamento entre a minha casa e os meus centros de atividades aqui na Capital, era um deslocamento difícil. Então era muito comum, duas horas e meia de ônibus pra ir e depois duas horas e meia pra voltar, e eu perdia uma boa parte do meu dia só com esses deslocamentos e isso me trouxe um trauma muito grande. Então as vezes eu brinco com a cidade de Guarulhos que é uma relação de amor e ódio mesmo, eu adoro a minha ex-cidade. Em 2005 eu voltei aqui pra São Paulo, tô gravando esse depoimento em junho de 2020 e de modo que eu já tô aqui a um bom tempo na capital e os deslocamentos são mais simples agora.

Meus professores, meus ídolos

Desde que eu era muito pequeno, eu sempre gostei muito dos meus professores, a minha mãe Isabel, ela era professora da rede pública municipal de São Paulo (ela tá muito bem graças a Deus), mas se aposentou e o meu pai Lúcio (também graças a Deus tá muito bem) sempre lidou no ramo de calçados. Meu pai foi representante comercial de muitas fábricas de calçados, de bolsas, chegou a ter uma pequena fábrica de sapatos, depois algumas lojas que não deram certo, então esses são os meus pais. E eu sempre, por causa da minha mãe professora, eu sempre gostei muito dos meus professores, eu tinha uma relação de proximidade, eu era uma criança que não me destacava dentro da escola mas eu me esforçava bastante e os professores por várias razões gostavam de mim desde que eu era pequenininho. E eu atribuo boa parte dessa minha carreira na docência, magistério superior à essa relação boa que eu tive com os professores desde muito novo.

Eu já contei essa história várias vezes, quem me acompanha nas redes sociais sabe. Na minha adolescência, 1985 mais ou menos, não tinha internet então as nossas opções eram, ou brincar na rua, e lá era uma vizinhança tranquila que dava pra brincar na rua sem problema ou ficar assistindo televisão ou jogando videogame, só que o videogame não é esse de hoje, essa coisa espetacular, era aqueles videogames toscos, quem é dessa época tinha Atari, depois o Master System, umas coisas que hoje são horrorosas, nenhuma criança ia gostar de jogar esses videogames, mas eram as nossas opções fora do horário de escola. Então quando eu era adolescente eu não gostava de ir pra escola porque a rua era muito legal, passava o dia jogando “taco” na rua, empinando pipa, fazendo um monte de coisa errada (como bom moleque).

Eu tenho um irmão mais novo que é o Wiliam, um ano mais novo do que eu e a gente sempre iam juntos pra rua, tinha um clube na rua de casa. Então o momento de ir pra escola era uma tristeza, por muito tempo eu estudei num horário alternativo, que eu estudei na mesma escola municipal até a terceira série de que a minha mãe era a professora, e o horário era estranho, era das onze da manhã até as três horas da tarde. E eu podia brincar um pouco de manhã antes de ir pra escola e depois que eu voltasse também dava pra brincar mais um pouco. Então, a escola nesse começo sempre era um corte pra mim, uma interrupção do que eu tava fazendo, da minha brincadeira, do meu videogame, então você imagina pra um adolescente, pré-adolescente de dez a treze anos, ter que sair da brincadeira na rua pra ir pra escola, não era das melhores experiências da minha vida isso daí. Depois eu estudei mais pra frente no período matutino e aí era mais fácil, tinha o restante do dia inteiro pra brincar.

Invisibilidade e sensação de não ser muito bom em nada

E na minha vida escolar, digamos assim, como estudante, eu sempre fui mediano, eu tinha aquela sensação de que eu era invisível, que eu não era muito bom em nada (não sei se você já teve essa sensação) – aquela pessoa ali que na aula de educação física não é dos primeiros a ser escolhido pro time, mas também não era dos últimos, ficava ali no meio. Nas salas de aula tinham os alunos super populares, que certamente não era o meu caso, e tinham os alunos muito introvertidos que também não era o meu caso, então eu ficava ali na média – eu costumo dizer que a minha sensação na minha adolescência e pré-adolescência era uma sensação dupla.

Primeiro de invisibilidade, passava pelos lugares ninguém notava e também uma sensação de ter a ideia de que não fazia nada direito. Então quando eu mudei pra Guarulhos, eu fiquei três anos estudando numa escola municipal, longe de casa, até no Parque do Chaves, na zona norte de São Paulo, onde minha mãe dava aula, e depois na 4ª série do antigo primário, eu e meu irmão mudamos pra uma escola particular lá perto da Vila Galvão em Guarulhos, é um colégio que na minha época chamava colégio Integrado, não sei hoje, mas é um colégio que fica no mesmo campus da FIG, da faculdade de Guarulhos, era um lugar muito grande.

A FIG era famosa pelo curso de educação física, então tinha quadras, piscinas, e era muito legal estudar lá. Essa daí era a sensação que eu tinha, essa dupla sensação de invisibilidade e não ser muito bom. Quando a gente mudou pra Guarulhos, na 4ª série, o pessoal da escola particular em Guarulhos, e Guarulhos é uma cidade com o 13º maior PIB do Brasil, a 13ª maior população, só que Guarulhos tem umas ilhas de prosperidade, vamos dizer assim, uns dois ou três bairros que são bairros de classe média, as vezes classe média alta, alguns lugares classe alta e o restante da cidade é uma cidade normal com áreas de imensa pobreza também. Tem bairros lá também inclusive, perigosos. E o pessoal dessa escola particular já estudava inglês desde a primeira série, eu cheguei na 4ª série e como eu vinha de uma escola pública municipal não tinha nem a possibilidade de a gente aprender inglês naquela época na escola pública.

Dificuldades na escola nova

Então eu e meu irmão chegamos na 4ª série e já tava “comendo solto” o curso de inglês, os alunos já iam mais ou menos bem, alguns na época já tinham até viajado pros Estados Unidos, mas a gente precisava correr atrás de inglês. Eu lembro que até hoje do primeiro dia das aulas de inglês veio a professora, encheu a lousa de matéria e eu olhava para aquelas coisas, e eu não sabia nem como começar aquilo tudo, então nós tivemos que fazer um curso separado de inglês, tinha uma escolinha lá perto de casa, rua 13 de maio, pra quem conhece lá em Guarulhos, era uma escolinha que chamava RTS Richter Training School, de uma professora que era poliglota, professora Marlene Richter, que era americana nativa e a gente fazia de terça e quinta normalmente essas aulas, primeiro era no período noturno, o que era um problema porque a gente era muito novo  e depois de manhã ou a tarde intercalando com a escola.

E a gente odiava as aulas de inglês nesse curso separado porque eram salas muito pequenas e ali não dava pra passar despercebido, a professora pegava no pé, a gente fazia provas e as vezes não ia muito bem, isso pra compensar digamos, a defasagem da rede pública municipal de ensino aqui em São Paulo. E aí, nesse colégio da 4ª à 8ª série da época que nós chamávamos de ginásio, alguns professores foram muito marcantes e eu sempre prestando atenção nesse outro lado que era o lado de quem ensina.

Para além de Guarulhos

E aí eu decidi, junto com meus pais que o colegial eu não faria lá em Guarulhos, foi uma decisão muito importante, praticamente todo mundo da minha sala com exceção de mim e do meu irmão continuou seguindo estudando lá em Guarulhos porque era muito fácil, muito cômodo, todo mundo se conhecia, era perto de casa, a gente ia à pé, era uma facilidade. Mas, meus pais perceberam que a gente precisava descolar um pouco ali do lugar onde a gente tava, pra que o mundo crescesse na nossa cabeça, a gente conhecesse outras realidades, tivesse contato com o município de São Paulo que era muito mais rico e o certo é que o meu irmão e eu fizemos um pré-vestibular pra estudar em escola técnica.

Uma curiosidade, eu disse que meu irmão é um ano mais novo que eu, só que ele sempre foi muito adiantado na escola, foi um aluno muito melhor que eu e ele pulou uma série (nem sei se isso hoje é possível), embora ele seja um ano mais novo, a gente estudava sempre na mesma sala e era uma situação muito curiosa isso.

Meus primeiros superprofessores

Bom, e aí quando eu cheguei na 8ª série, antigamente do ginásio com treze anos, eu e meu irmão fizemos um curso preparatório pra entrar na escola técnica. Então a gente ia pras aulas de manhã e à tarde frequentava esse curso preparatório pra entrar numa escola técnica. O nosso objetivo era passar numa federal que era um vestibular muito difícil, é uma escola técnica muito boa aqui em São Paulo, em segundo lugar tinha o Liceu de Artes e Ofícios que também não cobrava mensalidade e depois tinha as escolas técnicas da Rede Paula Souza, famosas ETES aqui em São Paulo, escola técnica estadual e aí um monte de opções.

Bom, nesse curso preparatório, eu tinha treze pra quatorze anos, eu conheci pela primeira vez, professor de cursinho. Então como os “pré-vestibulinhos” pra essas escolas técnicas, alguns eram muito difíceis, se não me engano o cursinho preparava também pra colégios militares que são muito rigorosos na seleção de alunos, o cursinho tinha com esse perfil de curso preparatório. Professores divertidos, que contavam piadas, que eram amigos de todo mundo, que não tinham aquela formalidade que uma sala de aula convencional tinha, e era um máximo. Me lembro de muitos deles, tinha um professor de física, eu tinha treze anos, professor que dava física e matemática era meio gênio, chamava Jarbas, era uma figuraça, um sujeito enorme, super magricelo que viajava o mundo de bicicleta, muito louco, e ele era um professor espetacular. Tinha o Fábio de história, muitos, o professor Alceu de geografia, muitos professores com esse lado diferente de ensinar de uma forma mais fácil e na verdade a gente aprendia muito, não era só diversão. Dava pra correr atrás com essas aulas “show” de toda a dificuldade de formação que nós tivemos numa escola municipal, meu irmão e eu, e depois numa escola particular, mas que também não era muito puxada não. E aí como eu disse, meu irmão era um aluno melhor que eu, ele passou no Liceu que era a segunda opção e eu passei na terceira opção na Etesp (escola técnica estadual de São Paulo), fica na zona norte ali perto da estação da luz, só que você passava no vestibular pra essas “ETEs” e você tinha que escolher qual dessas escolas, porque a rede é muito grande, era a escola onde você ia estudar.

Escolhas equivocadas que custam caro

O natural seria eu ir nessa Etesp, que era a terceira melhor escola técnica aqui de São Paulo, muito mais perto, mas num momento obscuro da minha vida, (não sei se você já passou por coisas assim) um dia eu tava nesse cursinho, chamava Elos, em Santana, um cursinho pra vestibulinho de escola técnica, e aí eu vi um cartaz pendurado na parede de uma ETE, da mesma rede da Etesp mas que era ETE Getúlio Vargas e por alguma razão (por isso falo que foi uma coisa obscura na minha vida) eu achei que essa ETE Getúlio Vargas teria alguma coisa a ver com a Fundação Getúlio Vargas que é a fundação mantenedora de faculdades espetaculares espalhadas pelo Brasil, as famosas FGVs, e na minha cabeça a escola técnica estadual Getúlio Vargas no Ipiranga aqui em São Paulo faria parte das FGVs espalhadas pelo Brasil.

E por causa desse erro, era simplesmente um nome parecido, mas não tinha nada a ver uma coisa com a outra, eu me inscrevi pra essa escola que era a ETE Getúlio Vargas. O problema dela é que ela era incrivelmente longe de Guarulhos, ficava na parte final do bairro do Ipiranga, pra quem conhece aqui em São Paulo, lá no alto da Avenida Nazaré, era muito longe, tanto que eu lembro que a primeira vez, e claro eu ia de ônibus, eu tinha treze anos, acho que meu pai foi junto comigo pra mostrar como fazer. Cara!

Era um negócio absurdo, então a gente pegava um ônibus que saía longe da minha casa, então tinha que ir a pé, uns dois quilômetros. Imagina, minha aula começava sete da manhã em outra cidade lá no fim do mundo, então eu pegava esse ônibus que era muito longe mesmo, passa de Guarulhos pra São Paulo à pé com treze anos, e aí eu pegava na Vila Nilo e ele levava até a estação do metrô mais próxima, na época era o metrô Santana (nem tinha estação Tucuruvi, parada inglês e tal), dali a gente pegava o metrô e aí, era a segunda condução do dia, pegava o metrô pra chegar na escola, ia até o Parque Dom Pedro e do Parque Dom Pedro tinha que pegar um outro ônibus pra chegar na escola, então eram três conduções pra chegar às sete da manhã no Ipiranga.

Eu nem lembro direito o quê que a gente tinha que fazer, mas era acordar quatro, quatro e meia da manhã todos os dias, absolutamente “sonados” pra chegar nessa escola. Meu irmão estudava mais perto, então pra ele era um pouquinho mais fácil porque bastava o ônibus e o metrô. O Liceu era ali perto do metrô Tiradentes em São Paulo, muito próximo. E aí eu fazia esse deslocamento absurdo, e aí a minha história com a distância de Guarulhos e São Paulo começou naquela relação de amor e ódio que eu te disse. Então eu demorava mais ou menos duas horas, as vezes duas horas e meia dependendo do trânsito pra chegar na escola e tinha lá as aulas, e era meio período, das sete ao meio-dia e meia, aí tinha que voltar, mais duas horas, pegava  o ônibus , do ônibus pro metrô, do metrô até o final da linha verde se não me engano, linha azul, de lá pegava o ônibus de volta pra Guarulhos, tinha que descer e ir pra casa.

E aí tinha outra coisa interessante, quando você fazia esse vestibulinho pra escola técnica, você ia escolher o que você ia estudar, porque tinha as matérias normais que a gente não fazia nessa escola, então ainda tinha isso, a gente fazia as disciplinas normais em escolas do estado, mas com professores diferentes, eram turmas dentro de escolas do estado que não eram no mesmo lugar. Então eu lembro que tinha uma perto da Ricardo Jafet, uma avenida perto da Imigrantes, longe que nem a desgraça de onde eu morava. E no terceiro colegial, como a gente dizia antigamente, eu estudava no Sacomã, que é um bairro um pouco pra lá, um bairro seguinte do Ipiranga e aí tinha que ir mais longe ainda e demorava uns dez, quinze minutos a mais pra chegar até o Sacomã e era uma pernada, porque além de tudo você descia no ponto mais próximo e tinha que andar mais uns dois quilômetros até chegar na escola.

E como tinha que escolher alguma coisa no colegial técnico, você podia fazer por exemplo, administração, nutrição, mecânica, eletromecânica, eletrotécnica, e eu não tinha a menor ideia do que estudar. Na verdade meus pais conduziram essa decisão do colegial técnico, de um lado pra sair um pouco do ambiente de Guarulhos e de outro porque o colegial técnico te preparava pro mercado de trabalho já, então você saía do colegial técnico  com o diploma da área que você escolheu e podia trabalhar nessas áreas. E eu não tinha a menor ideia do que escolher, e aí o que eu fiz? Eu tenho um primo, ele é cinco anos mais velho do que eu, chama Joel, e ele tinha passado na federal, muito inteligente, e ele tinha escolhido eletrotécnica, e eu porquê tinha que preencher o papel lá no dia né, eu ia me inscrever em que área, eu achei o nome bonito, (olha que coisa imbecil), ah vou fazer aqui eletrotécnica, eu nem sabia o que ia estudar.

Meus piores professores

Quando eu cheguei nas aulas técnicas na escola, três vezes por semana de matérias técnicas e duas vezes por semana de matérias aulas do currículo regular, era um desespero porque eletrotécnica ensina tudo que diga respeito à eletricidade, óbvio. E aí tinha aula de corrente contínua, resistência dos materiais, corrente alternada, coisas que são estudadas em faculdades de engenharia. E eu olhei pra tudo aquilo, até aquele momento eu tinha três anos pra decidir qual faculdade eu ia fazer, eu achava que ia fazer engenharia, nem sei porquê mas era uma continuação do colegial técnico e aí foi um desespero, esses três anos, não sei como eu sobrevivi porque a escola era relativamente puxada, era detestável pra eu tentar entender aquelas coisas que eram ensinadas. E ali naquela escola foi o contrário, tive contato talvez com os piores professores da minha vida, professores que não faziam questão nenhuma de ensinar a matéria.

Tinha os livros enormes, eu lembro de um livro de resistência de materiais, um catatau de duas mil folhas ensinando um monte de coisa que eu nem lembro mais o que era e o professor chegava, ficava sentado a aula inteira, as vezes falando alguma coisa, dando uma aula sentado, as vezes pedindo pra gente ler algum tópico do livro na aula, era um inferno. E ali eu decidi que eu faria qualquer coisa da minha vida menos engenharia. Me serviu pra isso, ter um contato com as ciências exatas pra justamente eu passar o resto da minha vida longe daquela chatice sem fim que eram aquelas aulas insuportáveis dos professores que não faziam questão nenhuma de ensinar de um jeito minimamente atrativo.

Introvertido sim, tímido não!

Bom, terminei de uma forma ou de outra o colegial, nessa época eu já ia pra igreja, eu sou de uma família presbiteriana, não ia quando era pequeno mas aos quinze anos voltei a ir na igreja e eu gostava muito de música (quando eu tinha uns quatorze anos eu era cabeludão, usava umas camisas de bandas de rock, meus amigos da rua ouvia Mettalica, Sepultura, coisas que eu gosto até hoje, coisas mais pesadas), e eu lembro que cheguei na igreja com roupas assim, eu usava umas pulseiras, era uma figura um pouquinho diferente. E aí na igreja eu gostava muito de música e eu comecei a tocar, muito mal, violão, guitarra, primeiro pra tentar tirar as músicas lá que eu ouvia, segundo porque na igreja incentivavam demais esse lado musical e eu comecei a tocar na igreja, virei líder de banda, líder de mocidade, tocava e cantava, e foi ótimo isso pra mim entre outras coisas, não vou entrar em questão de religião porque cada um tem a sua. Isso era incentivado e foi ótimo porque eu sempre fui muito introvertido, não confunda com tímido, eu estudei recentemente, eu li um livro espetacular que chama

O Poder dos Quietos (Susan Cain, Editora Agir), até recomendo se você é tímido, introvertido ou se tem alguém assim na sua família. É legal esse livro porque mostra muita coisa sobre esse nosso mundo, vamos dizer assim, dos introvertidos. E nesse livro faz uma diferença importante entre tímido e introvertido, as pessoas acham que é a mesma coisa. Eu por exemplo nunca fui tímido e sou introvertido, são coisas diferentes.

Então pelo que eu lembre dizia assim: “tímida é aquela pessoa que tem medo de falar em público, tem medo da reação dos outros, o que fulano vai pensar e por causa desse medo das reações das pessoas ele se fecha e as vezes tem muita dificuldade até de se comunicar, uma pessoa sempre envergonhada. E introvertido é outra coisa, é alguém que prefere pensar do que falar, são pessoas que falam menos do que os super extrovertidos”, vejo na minha casa por exemplo, a Tati minha mulher, ela é super extrovertida, a Duda puxou a Tati, falante, simpática, amiga dos amigos, e a Luiza, a mais nova é igualzinha a mim só que uma versão muito melhorada, muito mais linda, ela é ruiva, quem me segue pelas redes sociais já deve ter visto e ela é mais introspectiva mesmo, introvertida.

Então há muita diferença entre esse perfil do tímido e do introvertido. E eu dizia quando eu era líder de mocidade na igreja, quando eu tocava, isso foi ótimo pra eu não ter timidez nenhuma, porque você tem que ficar lá na frente de centenas de pessoas cantando, todo mundo te vendo, então timidez eu nunca tive. Mas foi bom também pra ponderar um pouco a minha introversão e isso foi fundamental pra eu iniciar a minha carreira da docência, ainda na época em que os cursos eram cursos presenciais. Nessa época eu fiz o colegial, três anos e tal e precisava escolher qual faculdade fazer e eu já sabia que não queria engenharia, e o direito chegou por acaso na minha vida. O direito chegou por acaso pelo seguinte, eu precisava escolher que vestibular prestar, cheguei quase que no dia pra me inscrever no vestibular e não tinha certeza do que eu ia fazer.

O Direito entrou por acaso

Minha mãe já tinha começado a faculdade de direito enquanto dava aulas na rede pública de ensino, então ela trabalhava o dia inteiro, cuidava dos filhos, da casa e a noite ia fazer faculdade de direito lá perto de casa, na FIG, foi muito batalhadora, muito guerreira. E ela passou num dos concursos mais difíceis do Brasil, procuradoria do município de São Paulo, um concurso dificílimo de passar, ela passou, virou procuradora do município de São Paulo e aí o padrão de vida lá em casa disparou. A gente vivia numa boa casa, numa boa vizinhança, mas com todos os gastos contados, aquele orçamento empatado, as vezes faltava um pouco e quando a minha mãe virou procuradora do município de São Paulo a remuneração dela disparou, os procuradores ganham muito bem, ainda mais se comparar com professores e tal, e isso fez toda a diferença em casa, foi ótimo pra todo mundo. Então pra mim a faculdade de direito era uma opção que poderia ser financeiramente muito rentável e isso ficou na minha cabeça.

E o que me fez escolher pelo direito não foi tanto essa opção que a minha mãe tinha feito e dado muito certo. Veja que coisa, eu tinha um amigo da rua, e esse amigo um dia ele fez um comentário que eu guardo até hoje, não sei em que contexto, não sei de onde, ele se chama Denis e falou assim: “olha, se eu Denis, fosse fazer faculdade ia fazer faculdade de direito, faculdade de direito pra eu entender tudo de política”. Aí eu fiquei com aquilo na cabeça de que quem faz faculdade de direito entende muito de política e eu tive aulas naquele cursinho que era anterior ao colegial técnico, com alguns professores muito politizados, então tinha discussões incríveis que eu adorava, era na época da eleição presidencial se não me engano de 1989 (faz tempo né gente, eu sou um tiozão), foi aquela que ganhou o Collor, tinha muitos candidatos, tinha o Lula, tinha o Brizola, Ulisses Guimarães, muitos concorriam, então tava fervilhando aquele cursinho com discussão política e eu sempre tinha me interessado por aquelas discussões.

Meus pais sempre assinaram revistas, jornais em casa, sempre muito politizados, então aquilo fazia parte do ambiente da minha casa e foi como uma luz. Aquele meu amigo fez um comentário que eu nem lembro mais em que contexto e falei “nossa, faculdade de direito além de dar uma turbinada na remuneração, ainda tinha esse negócio de fazer tudo, ensinar tudo que precisaria a respeito de política”, o que não é uma verdade depois que eu passei pela faculdade de direito. Quando eu entrei eu percebi que não ensina tudo de política, mas essas foram as duas razões principais que me levaram no escuro a escolher a faculdade de direito.

Bom, fui fazer um cursinho preparatório pra prestar o vestibular de direito e eu tinha feito junto com o 3º colegial, e não tinha passado porque o colegial técnico foi muito ruim nas matérias básicas, ele focava muito em emprego mas nas matérias básicas deixava a desejar, a gente estudava só duas vezes por semana, todas as disciplinas (matemática, português, física, etc.), então imagina, foi daquele jeito, aí não passei no vestibular e meus pais decidiram, já com minha mãe ganhando muito bem, que eu ia parar um ano da minha vida e me dedicar exclusivamente pra um curso preparatório de vestibular.

Os melhores professores do mundo

E eu tô falando aí do ano de 1991, então foi um ano em que eu parei tudo na minha vida pra fazer o cursinho pro vestibular e não tenho certeza porquê, tinha na época, acho que era por conta disso, uma fama de um cursinho aqui em São Paulo que era o Anglo, na rua Tamandaré, na Liberdade, então todo mundo falava dele, aí na hora de escolher meus pais me perguntaram que cursinho eu ia fazer aí eu falei: “vou tentar o Anglo Tamandaré”, e aí eu fui sem conhecer direito e esse ano1991, foi um ano fundamental na minha vida, porque nesse cursinho, os professores de todas as matérias eram professores absolutamente fantásticos, tinha acho que um ou dois que eram bons mas não eram espetaculares, mas outros eram muito bons, excelentes, de cada uma das disciplinas. Era absolutamente incrível.

Então a gente tinha aula das sete da manhã até a uma da tarde, as aulas duravam uma hora, então trocava muito de professor e você passava da primeira à última aula sem piscar de tão incríveis que eram as aulas daqueles professores. E foi ali que eu me encantei com o lado de lá, que eu costumo dizer que é o lado da docência, do magistério. Eu falava “cara, como pode esse sujeito tá me ensinando trigonometria que eu nem sei o que é e eu tô entendendo o que ele tá falando”. Aí tinha os malucos, esse professor de trigonometria era o Paiva, aí eu tinha aula com um professor de literatura brasileira, Ivan Teixeira, um espetáculo de professor, então ele falava lá das correntes literárias brasileiras, fazia uns desenhos na lousa, falou da semana de arte moderna de 22 (nunca vou esquecer dessa aula). Cara! Era um professor melhor que o outro. Eu lembro que tinha o Fávaro que dava aula de química que era espetacular, o Ernesto de biologia, aí tinha o Paulão de português, tinha outro Paulão que dava aula de história do Brasil, geografia era o Moraes e cara, professores incríveis. E aquilo me chamou muita atenção, eu falava assim: “cara, eu quero um dia na minha vida (isso era antes da faculdade ainda) seja lá o que eu for fazer, eu quero que tenha esse magnetismo desses caras”, eu chegava em casa e eu ficava doido, chegava ligadão, as aulas eram de manhã, e eu ficava o caminho inteiro, de ônibus, metrô, pensando “cara, como que esses sujeitos conseguem ensinar tão bem matérias que pra mim eram praticamente inacessíveis”. Então em um ano eu fiz o que tinha me faltado em todos os anos anteriores. Deu certo, passei o vestibular da PUC de São Paulo, deu super certo, mas com aquele negócio de professores que eram incríveis.

Na faculdade: o peixe fora d’água

Bom, quando eu comecei a faculdade de Direito na PUC, pra quem não conhece a PUC de São Paulo tem um curso de direito que é muito bom, as vezes tirava notas altas nessas avaliações, já chegou estar em 1º nos melhores cursos de direito do Brasil, depois caiu um pouco, é uma faculdade muito boa. Uma faculdade particular cara e que a gente conseguia pagar, muito por conta do esforço do meu pai e do cargo que a minha mãe tinha depois de passar no concurso público super difícil. E ali na faculdade de direito, uma faculdade ultra politizada, quem conhece a história da PUC de São Paulo sabe, além de ter esse lado da política, política estudantil, política mesmo, que era um lado que me agradava muito, eu também tive contato com professores incríveis na faculdade, muitos nem lembro o nome mas alguns eram muito incríveis. Então eu tive oportunidade logo no primeiro ano da faculdade de ter aula com o professor José Eduardo Martins Cardoso, ele dava aula de IED, Filosofia do Direito no 3º ano, era anual, não era semestral na época, aí depois direito administrativo, o cara foi Ministro da Justiça e ele era um professor espetacular, além de tudo ele aparecia na televisão dando entrevistas, é ainda um político muito conhecido aqui em São Paulo, então eu adorava ter aula com ele, era muito legal.

E eu fui um aluno muito bom na faculdade, ao contrário dos meus anos anteriores, porque eu tinha interesse, porque eu gostava, fui um aluno realmente muito bom e nessa disciplina do primeiro ano da faculdade, Introdução ao Estudo do Direito, eu tirei as melhores notas da sala porque eu adorava o professor, adorava os assistentes, adorava a matéria, aí eu fui convidado pra ser monitor. Logo no segundo ano da faculdade até o quinto ano eu era monitor de várias matérias, fui monitor do professor José Eduardo em IED, fui monitor em filosofia do direito do José Eduardo. Também. de uma professora de Constitucional Leda Mota, muito importante na minha vida, infelizmente já falecida,  fui monitor junto com vários professores hoje conhecidos, faziam parte desse grupo de assistentes da Leda o professor Pedro Lenza, um dos maiores constitucionalistas brasileiros, era dessa turma, o André Estefan que vocês devem conhecer que é professor do Damásio, na época também a professora Ana Flávia Messa que hoje é professora do Mackenzie, muito conhecida também. Então esse era o pessoal que fazia parte do grupo da Leda, de saudosa memória professora Leda.

Então eu já fui desde o 2º ano da faculdade circulando nesse ambiente dos professores, cara, e na PUC eu tive aula com os melhores, na época eram titulares na PUC de São Paulo: Geraldo Taliba em direito tributário; Celso Antônio Bandeira de Mello, meu grande ídolo, depois meu orientador no mestrado e doutorado em direito administrativo; Maria Helena Diniz em civil. Tive aulas na graduação com Roque Carraza em direito tributário, professor Paulo de Barros dava aula também na pós-graduação, no mestrado. Então eram professores incríveis que escreviam livros, essa foi uma coisa que me chamou muita atenção, eu falava “cara, esses sujeitos escreviam esses livros, o Brasil inteiro estuda pelos livros desses professores aqui da faculdade”. Não tive aula na graduação com todos esses nomes, eles davam aula na graduação, mas eram sorteadas as turmas, tinham muitas turmas, na PUC eram salas pequenas de no máximo cinquenta alunos, então eu tive aula só com alguns desses professores e os outros só no mestrado e no doutorado.

Quando decidi que seria professor

Mas o dia mais importante pra minha formação, pro início da minha carreira de professor, foi um dia nesse primeiro ano com outro professor de TGE (teoria geral do estado) chamado Paulo Fabra, esse professor fez um júri simulado e esse júri simulado era um debate de grupos, nem lembro direito o que era, talvez parlamentarismo versus presidencialismo, direitos sociais, algumas coisas assim. E precisava de alguém pra representar um grupo, a sala era dividida em dois, alguém ia falar lá frente, e era uma época em que eu já liderava o grupo lá na igreja, falava bem, as pessoas gostavam de mim e tal e eu fui escolhido.

E aí era o dia lá do júri simulado na sala, tinha que vestir terno, então aquele povo cheio de dinheiro da PUC, eu não tinha terno nenhum, então eu pus uma calça social que era do meu avô, uma blusa por cima meio de lã, e num tinha camisa social, num tinha terno, num tinha nada (a PUC é uma faculdade de elite econômica inclusive aqui de São Paulo, então na minha sala tinha filho de muitos figurões, tinha gente que o pai era do Supremo Tribunal Federal, outro era presidente do TRF, muita gente digamos importante das famílias tradicionais daqui de São Paulo) cara, e eu morava em Guarulhos, era tão pitoresco eu estudar na PUC e morar em Guarulhos que um dia meus amigos de sala pegaram uma filmadora, na época uma filmadora enorme, e foram de carro de São Paulo até Guarulhos filmando o caminho, como que era e tal, eu lembro que eles passaram, depois eu vi o vídeo, eles passaram na ponte do rio Cabuçu que divide São Paulo com Guarulhos, e falaram “olha pra chegar na casa do Mazza tem  que atravessar um rio num sei das quantas”, era um troço muito louco, eu era completamente o peixe fora d’água ali.

Mas eu dizia que nesse dia do júri simulado eu fui escolhido pra falar e de repente eu me peguei de pé, defendendo lá o meu grupo com as cinquenta pessoas olhando pra mim e prestando muita atenção no que eu tava falando, cara e esse dia mudou a minha vida, eu percebi que era aquilo que eu queria fazer pelo resto da minha vida, eu queria dar aula, ter as pessoas olhando pra mim, prestando atenção no que eu falasse e ali eu decidi que eu ia ser professor.

Celso Antônio Bandeira de Mello

Desde o primeiro ano da faculdade eu sabia que eu queria ser professor, tanto assim que eu virei monitor de várias disciplinas, aí eu emendei a graduação no mestrado, consegui passar no mestrado porque eu era assistente de professores, fui muito bem na seleção pro mestrado, consegui o privilégio de ser orientado pelo professor Celso Antônio Bandeira de Mello, que era e ainda é um ídolo espetacular, o prédio da PUC tem o sobrenome dele, hoje um professor emérito, uma figura espetacular. Tinha umas salas nas turmas de administrativo no mestrado e essas salas eram salas com dez, quinze alunos e ele escolhia um ou outro pra orientar.

Não era o aluno que ia procurar o Celso Antônio pra ser o orientado por ele, ele que escolhia os alunos ali da sala. Então as vezes passava semestre e ele não pegava ninguém pra orientar porque ele achava que não tinha nenhum ali que devia ser orientado. As vezes pegava um, pegava outro e ali nas aulas de mestrado, que eu adorava, eu fui selecionado pra ser orientado pelo professor Celso Antônio. E ai começou um sonho né, o orgulho da minha mãe, minha mãe que estudava pelo livro do Celso Antônio, tudo mundo conhecia e eu fui orientado por ele no mestrado e depois emendei, colei o mestrado no doutorado que eu queria mesmo ser professor e também orientado por ele e foi um grande sonho da minha vida, um grande ídolo é o professor Celso Antônio Bandeira de Mello.

– Ninguém pode ser “só professor”, Alexandre

Bom, o que tem de importante nessa história? Logo que eu saí da faculdade eu precisava me sustentar, eu não queria mais meus pais pagando pelas coisas que eu fazia. Eu tava no mestrado, lembro que era muito caro, e eu precisava ganhar dinheiro de algum jeito e eu sempre ouvia a mesma frase: “eu quero ser professor”, e as pessoas diziam: “não dá pra ser só professor, você precisa ser professor e mais alguma coisa no direito, você precisa ser advogado e professor, você precisa ser juiz e professor, você precisa ser promotor e professor, mas só professor não dá, porque a remuneração não é capaz de sustentar alguém no direito só dando aulas”. Eu ouvi isso de todos os lados, as pessoas me desencorajavam, mas eu falei que eu queria ser só professor e eu quero escrever livro, como uma extensão do meu magistério, da minha docência. E aí eu fui convidado pra dar aula em cursos preparatórios.

O mundo dos cursinhos

Eu comecei com tributário, preparatórios pra OAB, comecei no cursinho aqui em São Paulo que chamava CEFASP, depois aulas de administrativo também, e os alunos gostavam muito das minhas aulas porque aquilo era a minha vida, eu me dedicava demais à preparação das minhas aulas e fui de um cursinho pra outro e consegui no início da minha carreira me sustentar “só” como professor, só entre aspas, fui indo de cursinho em cursinho, depois fui pro RCD, do RCD eu fui pro PRIMA que era da rede LFG e aí, a partir de 2006, no PRIMA, minha carreira decolou, porque a gente dava aula via satélite, o LFG transmitia pra mais de 500 cidades, as aulas ao vivo e digo isso sem querer me exibir, mas naquela época de 2007 até 2015, no auge da rede LFG, eu tinha virado uma celebridade, pra qualquer cidade do Brasil que eu fosse as pessoas me reconheciam na rua porque o alcance da rede LFG era uma coisa absolutamente espetacular, eu era parado em aeroporto pra dar autógrafo, entrava no avião o pessoal de bordo tinha aula comigo, cara, era um negócio impressionante. Primeira vez que eu fui pra Disney, eu era parado nos parques da Disney por alunos que falavam assim: “nossa, o professor Mazza aqui”, dava autógrafo, tirava foto, foi um negócio muito louco. E aí pra escrever meu primeiro livro, manual de direito administrativo pela Saraiva foi uma extensão das minhas aulas, depois o manual de direito tributário pela editora Saraiva e depois eu construí uma carreira dando aulas. Eu tenho escritório, eu sou chamado sob demanda por alguns escritórios parceiros, escritórios de advocacia, mas meu negócio sempre foi dar aula.

Então, toda essa história pra dizer que eu apostei na minha docência, eu apostei no sonho que eu tinha de viver de aulas e viver de livros. Hoje graças a Deus e a muito esforço eu tô estabilizado, também sou muito bem casado, minha mulher é procuradora do estado, foi uma concurseira brilhante, passou em praticamente tudo que ela prestou e graças a Deus a gente consegue dar um padrão legal de vida pras nossas filhas.

Quando vale a pena ser professor

E pra todo mundo que pede conselhos, “ô Mazza, vale a pena ir pro magistério, ser professor de direito?” Eu digo a mesma coisa, eu digo: “olha, você tem que ter aquela sensação de quando você entrar na sala de aula, de que aquilo lá é a coisa mais espetacular da sua vida. Você pode ter um cargo público e dar aula? Claro. Ter um grande escritório e dar aula? Não tem problema nenhum, mas no momento da aula você tem que sentir que aquela é a coisa mais espetacular da sua vida, aí a docência no direito vale muito a pena.” Porque ser docente, ser professor no direito só pra completar remuneração é algo muito frustrante, porque as graduações pagam muito mal no Brasil, cursos preparatórios foram também totalmente reconfigurados, então hoje é muito raro ter algum professor com alta remuneração em cursos preparatórios, houve uma pulverização com a internet, mas eu recomendo muito. E eu, pra fechar, essa conversa, já tá indo muito longe, eu durante essas aulas de curso preparatório, sempre quis ser o professor pros meus alunos que os grandes professores da minha vida foram pra mim. Como eu tocava um pouco na igreja, eu comecei a fazer música pra ensinar assuntos difíceis, fazer paródias, eu criei personagens em sala de aula.

Vacona e Batuíra

Então naquela época, eu tinha criado o personagem da “Vacona”, uma ex namorada minha, uma história com um fundo de verdade, uma ex namorada que tinha me chifrado numa quermesse, quem é aluno meu das antigas deve lembrar isso. Eu usava também o “Batuíra”, quem entrar no meu canal do youtube, tem uma parte de charges lá e a animação começa com o que as pessoas dizem que é um “anjinho” lá fazendo uma graça no começo da charge, aquilo lá é o Batuíra, um personagem que eu tinha em sala de aula, ele me dizia as coisas que iam cair nas aulas, nas provas da OAB, era muito divertido.

O Batuíra foi uma homenagem que eu fiz à uma grande figura aqui de São Paulo que morava na rua onde eu morei logo que eu casei, e esse sujeito, ele viveu a uns cem, cento e vinte anos atrás, ele foi um grande benfeitor na cidade de São Paulo e tinha lá um lado espiritual muito importante também de atendimento e eu fiquei sabendo da história incrível dele e falei: “vou fazer uma homenagem e vou usar o Batuíra aí pra divulgar conhecimento”.

Um professor que queria ser diferente

Essa é uma história muito bonita, tem bastante coisa na minha vida que são coisas particulares envolvendo essa história, mas enfim, eu usava todas essas estratégias e comecei a usar muito a internet também pra distribuir conteúdo e tal. Investi muito na minha capacitação também, fui fazer meu mestrado e meu doutorado, depois fui estudar no exterior, fui fazer meu pós-doutorado em Coimbra que é outro grande sonho. Agora em julho de 2020 vou defender meu segundo pós-doutorado na Universidade de Salamanca na Espanha, e por quê? Porque eu sempre quis fazer o melhor possível pelos alunos. Eu sempre quis entender o que eu tava ensinando e a grande frase na minha cabeça que resume o que é o magistério no direito, o que é ensinar as pessoas, não só no direito, mas em qualquer matéria, mas falando especificamente da minha área do direito, eu sempre passei o dia pensando o jeito mais fácil de ensinar pros meus alunos os assuntos mais difíceis. Então eu dou aula de administrativo e tributário, que são matérias consideradas “bichos de 7 de cabeças” nos concursos, no exame de ordem. E sempre foi isso, pegava os assuntos mais complexos e ensinava da forma mais simples, e eu investi tudo na minha carreira pra esse objetivo, ensinar coisas difíceis da forma mais simples possível. E aí os meus alunos sempre gostaram muito das aulas, eu consegui atingir esse objetivo, até hoje eu pesquiso muito como atingir esse objetivo também.

Sonho realizado: Escola do Mazza

E finalmente toda essa história culminou, há dois anos atrás, na criação da minha própria escola, a Escola do Mazza, com aulas online, e por que eu criei a minha escola? Porque eu dei aula em todos os cursos preparatórios importantes do Brasil, no LFG, no Damásio, no Estratégia, todos os cursos importantes eu dei aula, mas eu sempre quis fazer as aulas do jeito que eu achava melhor. Em vez de ter blocos fixos, aulas de uma hora e meia, três horas, ter também uma carga horária que era meio amarrada, eu queria ensinar usando as minhas estratégias, usando o meu jeito, o meu estilo e sem aquelas limitações que às vezes existem na nossa carreira quando a gente trabalha numa instituição que não é nossa. Então eu abri a minha escola com esse objetivo, de não ter os limites que eu já tive pra poder ensinar administrativo e tributário em concurso público, exame de ordem, e aí eu realizei esse grande sonho da minha vida. E hoje eu posso dizer que eu sou 100% realizado profissionalmente, tenho uma família maravilhosa, então o lado pessoal graças a Deus vai muito bem também, e sou muito feliz, 100% realizado porque eu vejo nos meus alunos da minha escola esse objetivo, esse objetivo atingido, de ensinar administrativo e tributário, matérias difíceis de um jeito fácil. E hoje a minha vida é ajudar os meus alunos da minha escola a realizar o sonho deles em matéria profissional.

Então, essa é minha história, peço perdão por ter demorado tanto, mas eu gosto de contar essa história. Se serviu pra tomar alguma decisão em relação ao magistério superior eu espero que essa conversa tenha ajudado e como eu sempre digo: clica aqui pra curtir esse vídeo se você gostou, coloca algum comentário, vamo conversando aqui nos comentários, ativa as notificações pra você ser avisado quando o vídeo for publicado no meu canal. Então, se inscreva no meu canal e diga aqui nos comentários o que você achou dessa história e a gente continua essa conversa nos comentários. Espero que essa conversa tenha sido agradável, obrigado por me seguir nas redes sociais e eu espero a sua inscrição e ativar as notificações pra você ser avisado toda vez que um vídeo meu for publicado.

Então essa é minha história, foi assim que me tornei professor.

Ahhhh, se quiser você pode assistir também meu depoimento em vídeo, logo ali embaixo…

Espero que tenha gostado,

Valeu!

Meu depoimento em vídeo…